Caso um robô se aproxime, não há motivos para pânico. Possivelmente é o R2-D2 em um passeio autônomo pelos corredores do ENIT – Encontro e Feira de Negócios, Inovação e Tecnologia, que promete abrir um portal para o futuro entre os dias 18 e 20 de setembro, em São Bento do Sul, no Norte de Santa Catarina. Aos que não lembram, R2-D2 é aquele simpático robozinho que andava ao lado de Anakin Skywalker, herói da saga Star Wars (Guerra nas Estrelas), um marco no cinema de ficção dos anos 80.
A versão são-bentense do robô foi construída às pressas para o ENIT 2017. Chegou a sofrer uma queda e quase não funcionou. Mas foi a atração do evento, que recebeu 8 mil visitantes. Desde janeiro de 2018, quando foi implantado o Laboratório de Robótica da ITFETEP – Incubadora Tecnológica da Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa de São Bento do Sul, o droide vem recebendo sensores de obstáculos das mãos do estudante de mecatrônica Rauni Nóbrega, para que possa se locomover com independência pelos 8.000 mil m2 de área no ENIT 2018.
Em breve, para atender uma fábrica de móveis, outro robô será produzido no laboratório, onde Rauni também se dedica em dar vida a uma impressora 3D, em parceria com o técnico em eletrônica Leonardo Schifler, responsável pelo projeto. Formado em Engenharia de Produção pela Udesc, em breve Leonardo conclui o curso de Engenharia Mecânica na Univille.
A Druker Box, como foi batizada, será a impressora tridimensional com maior área de impressão do Brasil. Pode imprimir objetos com até 50 centímetros cúbicos. Anote-se que a maior impressora 3D do mundo imprime áreas de até 60 cm3. A Druker Box será lançada durante o ENIT 2018, que espera receber um público de 10 mil pessoas na Promosul – Fundação Promotora de Eventos de São Bento do Sul.
Desenvolvida para criar soluções industriais, a máquina terá como primeiro trabalho a impressão dos troféus para os vencedores do desafio “Escola que Inova”, projeto paralelo ao ENIT, criado com a responsabilidade de aguçar o gosto pela tecnologia entre as crianças e jovens, estudantes de ensino fundamental ou médio. “É a garantia de continuidade do ciclo virtuoso da tecnologia, que já atende o objetivo proposto com a criação da Incubadora Tecnológica, em 2005, de diversificar a economia, gerar emprego e renda”, observa o gerente da ITFETEP, Osvalmir Tschoeke.
Neste ano, o desafio “Escola que Inova” visa promover o conceito de smart cities(cidades inteligentes), com vistas à sustentabilidade e mobilidade urbana. Como prêmio, os vencedores receberão smarthphonese notebooks, além dos troféus impressos pela Druker. As inscrições ainda estão abertas e podem participar equipes de escolas municipais, estaduais ou particulares de qualquer cidade. Óbvio que as escolas são-bentenses desafiam as escolas de outros municípios a apresentarem suas descobertas e inovações tecnológicas.
Desafio é a mola que impulsiona o desenvolvimento
A palavra desafio está intimamente ligada à história do ENIT, da Incubadora Tecnológica e da própria FETEP. “Desafio é o que estimula o desenvolvimento”, ensina o presidente da Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa, Osmar Mühlbauer. Aos 61 anos, ele conhece a fundo o significado da palavra, principalmente depois que sofreu um AVC, na época em que presidia a Condor, maior fabricante de escovas da América Latina, um dos patrocinadores do ENIT.
Dono de mente brilhante, o presidente lembra que em 1975, quando a indústria moveleira de São Bento do Sul deparou-se com a proibição da utilização de imbuia ou mogno na produção de móveis, foi necessário pesquisar sobre os meandros da utilização do pinus eliotispara substituir as madeiras nobres. Diante da necessidade, com muito esforço e trabalho, nascia a FETEP – Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa, criada no governo do prefeito Osvaldo Zipperer.
Realizadas as pesquisas, após alguns anos de trabalho a fundação entrou num estágio de marasmo. Não havia mais o que ser pesquisado. As atividades reduziram. A indústria moveleira de São Bento do Sul adaptou-se com esmero ao pinus e as coisas iam bem até demais, com recordes de exportação registrados ano a ano. Até que 30 anos após a criação da FETEP, em 2005, uma crise nos Estados Unidos atingiu severamente os fabricantes são-bentenses de móveis.
De uma hora para a outra os pedidos vindos dos EUA foram cancelados. Com mercado prejudicado, a indústria moveleira sucumbiu. Poucas das grandes indústrias conseguiram sobreviver ao período. Milhares de são-bentenses buscaram outras cidades para viver. Neste cenário de desespero, a FETEP ressurgiu, com a missão de apresentar soluções, com grande incentivo do então secretário de Desenvolvimento Econômico da prefeitura de São Bento do Sul, Uwe Stortz.
Incubadora Tecnológica diversifica a economia
Em 2005, Osmar Mühlbauer era presidente da ACISBS – Associação Empresarial de São Bento do Sul. Foi quando decidiu-se pela criação da Incubadora Tecnológica da FETEP, cujo presidente à época era o consultor de empresas Adelino Denk. A inauguração propriamente dita ocorreu no dia 1⁰de julho de 2006. Inicialmente a ITFETEP foi instalada numa sala de aproximadamente quatro metros quadrados, no CGE – Centro de Gestão Empresarial, no bairro Colonial.
Na salinha, o consultor Osvalmir Tschoeke, que fez diversos cursos sobre empreendedorismo na Alemanha, Israel e outros países, assumiu o desafio de estimular novos empreendimentos e orientar investidores sobre o melhor caminho a seguir para que os novos negócios prosperassem, contrariando a lógica brasileira em que 70% das novas empresas não sobrevivem ao primeiro ano de existência. Da primeira empresa incubada, hoje são 32, em pleno desenvolvimento. Em 2017 as incubadas já conseguiam gerar 165 empregos diretos e alcançar faturamento de R$ 23 milhões.
Atualmente, a incubadora está em prédio próprio de 680 metros quadrados, onde nove empresas recebem consultoria constante, para que se desenvolvam saudáveis e prósperas. Uma delas é a Schifler Soluções Industriais, responsável pela geração da impressora tridimensional Druker Box. A empresa é especializada em projetos mecânicos, estrutura metálica, desenvolvimento de produto, detalhamento, gerenciamento de projetos, retrofiting de máquina, dimensionamento mecânico, além de adequações a NR12.
Outras 23 empresas já alcançaram um estágio mais elevado. São as “graduadas”, que conseguem caminhar pelas próprias pernas. Como a WBT Internet, por exemplo, que também começou suas atividades numa salinha, em 2009, e hoje acolhe a 68 colaboradores, com faturamento de R$ 1,2 milhões mensais. A WBT foi a primeira empresa a se graduar, após dois anos de incubação. O mesmo período foi necessário para que a Tera Engenharia, que atua no segmento de energia solar, também alcançasse a graduação, em julho de 2018.
Atualmente a WBT Internet integra um grupo de investidores-anjo, que analisam projetos de inovação apresentados no “Desafio ITFETEP”. Na edição deste ano, 24 projetos foram apresentados e 15 selecionados à fase de capacitação, para apresentação de seus negócios aos investidores. Apenas oito terão esta chance e um será agraciado com uma ajuda financeira de R$ 10 mil para investir no novo negócio, com acompanhamento da incubadora. Mais uma vez, o ciclo virtuoso do desenvolvimento faz-se presente.
ENIT nasce para divulgar incubadas
Divulgar as atividades desenvolvidas pela Incubadora Tecnológica da FETEP (que integra um seleto grupo das 20 melhores incubadoras do Brasil), bem como as empresas que dela fazem parte é um dos objetivos do ENIT. Praticamente todas as incubadas participam do evento, que ao passar dos anos atraiu a atenção de empresas não-incubadas.
Neste ano o evento chega em sua sexta edição e já registra os melhores números desde sua criação, em 2012. A dois meses de sua realização, 68 expositores estão confirmados, com área de exposição superior a 8 mil metros quadrados do gigantesco pavilhão da Promosul – Fundação Promotora de Eventos de São Bento do Sul. Frise-se que a primeira edição do evento foi num pequeno auditório.
Ao longo destes anos, o ENIT consolidou-se como o maior evento de geração de negócios, apoio ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação entre as empresas de tecnologia, indústria, comércio, prestação de serviços, instituições de ensino universitário (15 universidades participaram do ENIT em 2017) e instituições tecnológicas do Sul do Brasil.
Além de ser um evento de promoção de negócios e networking empresarial, através da feira de empresas de tecnologia, palestras, oficinas e sessão de negócios, o ENIT abre espaço para que as universidades, escolas técnicas e institutos de pesquisa apresentem projetos e pesquisas científicas nas áreas industriais, comércio e serviços que são desenvolvidos por seus técnicos e acadêmicos.
Escolas de educação básica também apresentam à comunidade projetos de pesquisa, ciência, inovação e empreendedorismo desenvolvidos por seus alunos, entrando em contato com empresários, investidores e diversas instituições de ensino técnico, tecnológico e superior, podendo ampliar o horizonte de escolhas dos seus estudantes para o futuro.
“Todo este ambiente inovador e empreendedor faz com que o ENIT seja o ponto de encontro entre pesquisa, inovação e negócios, gerando um modelo único e inovador”, observa Oswalmir Tschoeke. O ENIT é um evento focado nos públicos empresarial e acadêmico, com entrada e participação gratuita.
Palestrantes de peso estarão no ENIT 2018
Durante os três dias do evento, vários painéis de debates e palestras irão acontecer, principalmente com vistas à indústria 4.0, que utiliza cada vez menos mão-de-obra. De acordo com a CNI – Confederação Nacional da Indústria, 48% das grandes empresas brasileiras planejam vultosos investimentos nesta vertente da indústria nos próximos anos. Presidente da ACATE – Associação Catarinense de Tecnologia, Daniel Leipnitz é especialista e dará palestra sobre o assunto no ENIT.
Recentemente Daniel foi reconduzido à presidência da ACATE, entidade que reúne cerca de mil empresas no ramo de tecnologia e responde por R$ 6 bilhões de faturamento, com cerca de 25 mil empregos gerados. O montante equivale a 40% do resultado obtido pelas empresas de tecnologia em Santa Catarina, que faturam R$ 15 bilhões ao ano, gerando 40 mil empregos. A ITFETEP é o braço da ACATE em São Bento do Sul.
O ENIT contará com a presença do visionário fundador da Flapper, Paul Malicki, que ouviu 228 nãos até conseguir alguém que financiasse o seu negócio. A flapper é uma espécie de versão aérea do Ubber, aplicativo que revolucionou o sistema de táxis. Outros gigantes da tecnologia estarão presentes ao evento. Conheça os parceiros do ENIT, os patrocinadores e os expositores acessando o www.enit.org.br.