Em um mundo em evolução constante, as profissões e as relações do trabalho são impactadas de forma intensa pelas novas tecnologias e pelo perfil mutante das novas gerações. Com a palestra O profissional do amanhã – mitos e fatos, Gijs Van Delft, presidente da PageGroup Brasil, apresentou aos congressistas da Expogestão 2018 números e fatos que ilustram o quanto o mundo está mudando e o que é necessário fazer para se preparar para essa transformação.
Até 2020 (de acordo com Deloitte Insights), 75% das empresas serão companhias que ainda não conhecemos, 40% dos trabalhadores nos EUA vão pertencer à economia freelance, e robótica e inteligência artificial devem acabar com 5 milhões de empregos no mundo.
Gijs van Delft, formado em Gestão Internacional pela Business School of Amsterdam (Holanda), está no Brasil há 15 anos e usou em sua palestra informações e tendências observadas no PageGroup Brasil, principalmente em entrevistas com executivos, gestores e profissionais.
O executivo expôs números impressionantes: troca de emprego acontece, em média, a cada dois anos; 57% dos empregos são vulneráveis às mudanças digitais; e 70% dos líderes desejam novas formações profissionais para o futuro.
Em um exercício de previsões mais ousado, disse que, até 2050, 65% das profissões que as crianças terão ainda não existem e novas tecnologias devem acabar com 800 milhões de empregos no mundo. (Fontes: Fórum Econômico Mundial, Boston Consulting Group e Universidade de Oxford).
Gijs explicou que as novidades tecnológicas vão acabar com certos empregos e modificar outros, mas a economia deverá crescer e surgirão outros trabalhos. Também mostrou tendências que apontam que até 2050 algumas profissões serão extintas, entre elas as de piloto de avião, contador, auditor, jornalista, corretor de imóveis ou de seguros. Outras surgirão, como fazendeiro urbano, desenvolvedor de tecnologia doméstica, designer de realidade virtual.
Ele ainda apresentou os setores que estão em baixa, como administrativo, produção e manufatura, construção e extrativismo, jurídico; e os em alta: gestão, operações de negócios e financeiras, computação, varejo, marketing e educação e treinamento. E ilustrou com o exemplo do setor imobiliário. Hoje existem aplicativos de aluguel, sites de busca de imóveis, assessoria burocrática online, visitas virtuais. Assim, o corretor como conhecemos se torna praticamente obsoleto. Entretanto o mercado imobiliário precisa de profissionais estratégicos, capazes de utilizar as ferramentas e a criatividade para cativar os clientes.
Líderes de organizações buscam profissionais com talento, capazes de trabalhar com alto nível de automação ou tecnologias e com excelente relacionamento. O palestrante mostrou como o profissional que trabalha por projetos está aumentando no mercado. Em 1995 eram 11%, em 2016 passaram para 20% e deve chegar a metade da força de trabalho mundial em 2050. Em países como Holanda e França, o número de freelances ou temporários já alcança a faixa dos 40%.
O especialista lembrou que no Brasil a nova lei trabalhista ajudou a flexibilizar as relações do trabalho, sendo positiva para os profissionais e empresas. Isso fará com que, naturalmente, aumente o número de temporários. Diante desses números e da tendência de mudança constante, os profissionais devem refletir sobre esse futuro e tomar decisões para continuar no mercado com sucesso.
Fotos: André Kopsch