Indústria da construção civil debate ética e compliance em Joinville

Joinville recebeu na terça-feira, dia 27 de fevereiro, a 13ª edição do Seminário “Ética & Compliance para uma Gestão Eficaz”. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Sesi Nacional, o evento já percorreu dezenas de cidades brasileiras com o objetivo de debater a ética nos negócios e os mecanismos de controle e combate à corrupção. Em Joinville, a iniciativa contou com a parceria do Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON) e reuniu cerca de 80 pessoas no Salão Nobre da Associação Empresarial (ACIJ).

Nesta edição do Seminário, os palestrantes convidados foram a jurista Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e especialista em Direito Público Administrativo e Tributário; o doutor em Ciências Políticas e especialista em Comportamento Eleitoral e Instituições Políticas, Leonardo Barreto; o diretor Jurídico e de Relações Institucionais da Tigre, Alencar Guilherme Lehmkuhl; e o coordenador do Centro de Apoio da Moralidade Administrativa do MP-SC, doutor Samuel Dal-Farra Naspolini.

De acordo com a jurista Eliana Calmon, ética é questão de sobrevivência. “O brasileiro precisa despertar deste sono profundo e fazer a sua parte. Não podemos mais esperar que o governo resolva tudo. Os políticos não vão mudar. A grande mudança está em nós”, disse. Em sua palestra, mencionou as lições deixadas pela Operação Mãos Limpas, realizada na Itália há 25 anos. “Vivemos no Brasil uma situação muito parecida com a da Itália naquela época, mas a diferença é que o mundo mudou. A participação popular é essencial no combate à corrupção. Mais importante do que ser letrado ou especialista em leis é ser cidadão”, defendeu.

Reputação foi outro tema amplamente explorado durante o Seminário. Doutor em Ciências Políticas e especialista em Comportamento Eleitoral e Instituições Políticas, Leonardo Barreto lembrou que, sem confiança, a indústria não avança. “Confiança está diretamente ligada à reputação, integridade e compliance. A gestão da reputação é um dos maiores desafios para as empresas”, avaliou.

Da esquerda para a direita: Ana Cláudia Gomes (CBIC); Eliana Calmon (ex-ministra do STJ); Mario Cezar de Aguiar (SINDUSCON Joinville); Samuel Naspolini (MPSC); Alencar Lehmkuhl (Tigre) e Leonardo Barreto, doutor em Ciências Políticas.

Para o coordenador do Centro de Apoio da Moralidade Administrativa do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), doutor Samuel Dal-Farra Naspolini, a luta pela conformidade jurídica e o cumprimento às leis sempre foi um desafio às atividades produtivas. Em sua palestra, falou sobre a Lei Anticorrupção, que trouxe mudanças de paradigmas como, por exemplo, a possibilidade de condenação de pessoas jurídicas. “A corrupção não é um fenômeno individual e muito menos um desvio de conduta de um único profissional. Infelizmente faz parte da estratégia de muitas empresas que se utilizam deste recurso para a manutenção de negócios. Por isso, a punição para pessoas jurídicas prevista na Lei Anticorrupção pode ser considerada uma revolução.”

Diretor Jurídico, de Relações Institucionais e Compliance Officer da Tigre, Alencar Guilherme Lehmkuhl compartilhou com o público as iniciativas da empresa. “A reputação e a imagem afetam diretamente os negócios e, para a Tigre, temas como sustentabilidade, ética e compliance são considerados pilares de crescimento”, comentou.

Presidente do Fórum de Ação Social e Cidadania (FASC) da CBIC, Ana Cláudia Gomes também participou do Seminário e falou sobre o trabalho desenvolvido pela entidade nos últimos anos. “A história recente nos mostra que a forma de fazer negócios no Brasil precisa mudar e a CBIC defende a concorrência legal. É essencial aprimorar a discussão sobre ética e compliance nas organizações e atuar diretamente na prevenção dos desvios”, disse.

Na avaliação do presidente do SINDUSCON Joinville, Mario Cezar de Aguiar, os temas ética e compliance não poderiam ser mais atuais. “A sociedade está cansada da falta de honestidade, de compromisso e de valores. Não há mais espaço para desvios de recursos, inverdades e falta de transparência. É preciso modificar este quadro, sob pena de perdermos a esperança de construirmos um país mais justo e igualitário.”

Fotos: André Kopsch

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